... Como tantos outros, trouxe agitação e mudança. Com os cair das folhas das árvores, caem também as esperanças trazidas pelo Verão, e as respostas que surgem continuam a ser incompletas para a complexidade das perguntas.
É no Outono que a natureza pinta com cores fortes toda a velharia que precisa ser reciclada, destacando-a, como que numa tentativa de o avisar de onde é necessário afastar-se para evitar aguaceiros evitáveis. Mas, como sempre, nada pode ser tão linear, nada pode ser evitado por completo e, quando menos espera, lá está ele novamente a contemplar a paisagem com os olhos do coração, ignorando as cores de emergência e deixando que essas árvores de folha caduca o arrebatam com toda a sua antiguidade.
Para ele é impossível evitar o que sente. Gosta do Outono e a cor laranja-avermelhado que se espalha no horizonte deixa-o sorridente e com a ilusão de que tudo é possível; de que as temperaturas frescas terão o efeito inverso e lhe aconchegarão o coração, mantendo-o quente. Por isso ele arrisca e fala de sentires, esperando não a reciprocidade dos mesmos, mas a sinceridade da resposta. E desilude-se. Questiona o que não vale a pena ser questionado, tenta compreender o incompreensível, insiste mais só mais uma vez - porque nunca se sabe se não valerá a pena - e pára.
Agora ele promete não voltar a fazer o mesmo, consciente de que nunca cumprirá essa promessa porque dentro dele vive a inocência e a vontade de acreditar, a certeza de que tudo tem a sua razão de ser e que um dia, quando chegar altura certa, o Outono voltará a ser sorridente como ele sempre o imaginou e no coração a estação será quente, solarenga e alegre.
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